domingo, 6 de fevereiro de 2011

Aquamotor e touage


  • Navegação Fluvial


  • Aquamotor e touage
    Texto atualizado em 17 de Outubro de 2005 - 16h51

    por Sílvio dos Santos *
     
     
    Caros leitores,

    Em continuidade ao relato da evolução da navegação fluvial na França, hoje iremos abordar os primeiros engenhos que foram utilizados para vencer a correnteza do rio Sena, pois a halage era restrita aos trechos próximos das vilas, necessitava também da via lateral para os cavalos andarem e a força exercida era sempre obliqua. Nos trechos com muitos meandros e margens alagadiças, a utilização da halage era impraticável.

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    A idéia de utilizar as rodas de pás acionadas pela correnteza para tracionar o próprio barco ou outra embarcação é tão antiga quantos aos moinhos d’água.

    A exploração dessa idéia deu nascimento no século XVIII a diversas máquinas de puxar embarcações, as quais foram instaladas entre a Ponte Neuf (ponte nova) e a Ponte au Change ( ponte da troca) em Paris.

    Existiam dois tipos de tracionadores, os fixos e os móveis. Os fixos instalados nos moinhos d’água para puxar grandes embarcações ou sobre as pontes, estes com tração humana para pequenas embarcações, através de cabos manobrados pelos “chableurs” , os cabeiros.

     
    Les chableurs – Os cabeiros tracionado pequenas embarcações

    Os móveis, instalados sobre naves, que eram denominadas de aquamotores.  O aquamotor  enrolava seu próprio cabo de amaração no eixo de rotação da roda de pás, se deslocando até o ponto de fixação, tracionando um comboio composto por diversas peniches.
      
    Le Aquamoteur – O aquamotor – nave com rodas de pás que
    tracionava o cabo preso em um ponto fixo

    Após a invenção da máquina a vapor, os aquamotores foram substituídos por embarcações motorizadas que se deslocavam tracionando uma corrente colocada no leito do Sena. Essa operação era chamada de touage.

    O barco era simétrico e navegava nos dois sentidos, contra e a favor da correnteza, sempre tracionando de 3 a 4 peniches. A máquina a vapor puxava a corrente através de polias, as quais permitiam um rendimento melhor da potência instalada em comparação a tração animal, além da vantagem de ser axial ao deslocamento.

    A touage sob a Ponte de Notre Dame
    tracionando 3 peniches

    A partir de 1820, a primeira linha de touage é colocada em serviço pelo engenheiro Thourasse. Em 1845, uma linha de touage, a vapor em corrente contínua, ligava a Ponte de Tournelle, acima da Ponte de Notre Dame até a confluência do Rio Marne, totalizando uma distância de 6 km ao longo do Sena.

    Em 1855 as linhas de touage se expandiram atendendo Conflans de Sainte-Honorine, importante centro da battelerie, frota das peniches, a juzante de Paris, até a barragem de Suresnes, a montante de Paris, numa distância aproximada de 50 km.

    Le quai des grands Augustins – ponto de integração entre o
    Baixo e o Alto Sena

    Os comboios fluviais subiam e desciam o Rio Sena, havendo inclusive a integração entre os serviços da Compagnie Générale de Touage et Remorquage, a qual operava no baixo Sena, com a Compagnie de Touage de la Haute Siene, que operava no alto Sena. O ponto de integração era no braço de la Monnaie, ao lado da Ile de la Cite, onde se instalaram os escritórios das companhias de navegação, de seguros e de agenciamento de fretes assim como os cafés dos marinheiros.

    Atualmente esse local corresponde ao Quartier Latin, com seus famosos cafés e os bouquinistes vendendo seus velhos livros e pinturas ao longo do cais do Rio Sena, onde as peniches ainda continuam a navegar.  

    Les bouquinistesOs livreiros vendendo seus alfarrábios ao longo do cais do Rio Sena
      

    Referência bibliográfica:
    BEAUDOUIN, F. Paris e la batellerie du XVII au XX siécle. Paris: Editions Maritimes & D’Outre Mer, 1979. 32p.

    Henry, B.,Henry M. Voyageurs aux longs jours. Paris: Les Éditions Arthaud, 1982.216p.

    Robin, C., Bergeaud, C. Le français par la méthode directe – Deuxième livre. Paris: Librairie Hachette, 1951.186p.
     

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